Afinidades II – ¡Ellas!
MON realiza la exposición “Afinidades II – ¡Ellas!”
El Museo Oscar Niemeyer (MON) inaugura el día 27 de octubre la exposición “Afinidades II – ¡Ellas!”, en la Sala 3. La muestra hace parte del proyecto “Afinidades”, que tuvo inicio en 2021.
En esta segunda edición, se invitó a participar a un grupo de mujeres artistas, de diferentes regiones de Brasil, a partir de una inmersión en la colección permanente de obras del Museo Oscar Niemeyer. Con curaduría de Marc Pottier, la muestra reúne diez artistas brasileñas, con la intención de ser una celebración del arte hecho por mujeres.
“La mirada femenina de las artistas invitadas dotó a la exposición de una gran diversidad de obras, pasando por épocas y temáticas distintas, que seguramente incitarán y sensibilizarán al espectador”, comenta la directora-presidente del MON y creadora del proyecto, Juliana Vosnika.
Artista
Carina Weidle, Debora Santiago, Juliana Notari, Juliana Stein, Laura Vinci, Leila Pugnaloni, Maria Macêdo, Mariana Palma, Regina Silveira e Vilma Slomp
Curaduría
Marc Pottier
Período de exhibición
De 26 de outubro de 2022
Hasta 28 de maio de 2023
Local
Sala 3
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SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO
“Las artistas participantes seleccionaron obras en la colección del MON con las que tienen mayor afinidad y que más las inspiran y, a partir de ellas, construyeron una nueva narrativa. La intención con esto es promover la colección desde de diferentes enfoques”, explica Juliana.
“Es fundamental que el Museo abra espacio para la representatividad femenina en las artes. Y hacerlo a través de acciones curatoriales es formidable. La mirada sensible de esas artistas invitadas lleva el espectador a una lectura diferente de la colección del MON”, afirma Luciana Casagrande Pereira, superintendente-general de Cultura.
Mirada femenina
La exposición “Afinidades II –¡Ellas!”, con alrededor de 130 obras, cuenta con la participación de las artistas invitadas: Carina Weidle, Debora Santiago, Juliana Notari, Juliana Stein, Laura Vinci, Leila Pugnaloni, Maria Macêdo, Mariana Palma, Regina Silveira y Vilma Slomp.
Luego de una inmersión en la colección del MON, ellas escogieron obras de los artistas: Alfredo Volpi, Antanas Sutkus, Arcangelo Ianelli, Carlos Fajardo, Daniel Senise, Didonet Thomaz, Dulce Osinski, Eduardo Berliner, Eliane Prolik, Emerson Persona, Flavio Cerqueira, Francisco Faria, Francisco Stockinger, Geraldo Leão, Heliana Grudzien, Hugo Mendes, Ida Hannemann de Campos, Jefferson Cesar, João Turin, Leonardo Régnier, Leonor Botteri, Leopoldo Plentz, Maria Bonomi, Martín Chambi, Masao Yamamoto, Miguel Bakun, Poty Lazzarotto, Rodrigo Andrade, Tomie Ohtake, Valdir Cruz, Violeta Franco, Washington Silvera y Wayna Picchu.
Según la curaduría, a partir de esas obras fueron creadas nuevas composiciones, que permiten revisitar las colecciones del MON con una gran variedad de épocas y soportes, permitiendo así recorrer la historia del arte desde el siglo XIX hasta nuestros días.
“En la exposición, se trató de celebrar relaciones con una surrealidad entre obras de arte elegidas a propósito. Este juego conduce a las sensaciones ofrecidas por los artistas a los visitantes”, comenta Marc Pottier. “En ese ejercicio, las artistas toman el lugar del curador, que pasa a actuar apenas como consejero, para dialogar sobre las posibilidades y la forma de presentar los casamientos entre las obras”, dice el curador.
Explica que “Afinidades” se ha convertido en un proyecto anual del MON que da vida, a través de la mirada de las artistas, a la variedad de las colecciones del Museo. “Mejor que nadie, artistas saben hacer la conexión entre el público y las obras a través de una narrativa nutritiva que también les permite comprender mejor lo que es la creatividad artística.”
En los últimos años, la colección del Museo Oscar Niemeyer se ha quintuplicado, pasando de 3 mil para 14 mil obras. Más que un simple aumento cuantitativo, en ese período el Museo cambió y amplió el referente, demostrando madurez como institución museológica. Además de las áreas de artes visuales, arquitectura y diseño, con énfasis en arte paranaense y brasileña, el MON amplió su vocación y hoy también se dedica a la formación de la colección de arte africana contemporánea, latinoamericana y asiática.
Imágenes
Créditos: André Nacli
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Vídeo destacado
Materiais da exposição
Afinidades
Antes de mais nada, vamos relembrar a origem do projeto “Afinidades”. Ao expor suas coleções, o MON inova e também oferece entretenimento, convidando os artistas e o público a se apropriarem do “seu” Museu e de suas coleções. “Afinidades” insere-se em 2021 neste desejo ao convidar cerca de 20 artistas paranaenses a selecionarem algumas obras da coleção do acervo do Museu e tentar partilhar com o público as razões das suas escolhas.
Para a primeira “Afinidades”, estas duplas criadas para a exposição formam uma composição onde cada artista justifica o porquê do face a face escolhido, complementando-o com textos, citações, vídeos ou encenações com ou sem suas obras, que permitam ao público entender suas escolhas.
Cada uma das composições dos artistas selecionados permitiu revisitar as coleções do MON com uma grande variedade de épocas e suportes, possibilitando, assim, percorrer a história da arte desde o século XIX até os dias de hoje, passando por objetos das coleções asiática e africana, tudo isso através dos “recados” que mandaram e das histórias que nos contaram os artistas que participam do projeto.
Também chamadas de “sinestesia” (do grego syn, “com” (união) e aesthesis, “sensação”), as “Correspondências”, outro ângulo para falar sobre “Afinidades”, designam a relação entre o mundo material e o mundo espiritual. Segundo Charles Baudelaire, só os artistas sabem decifrar o sentido das analogias que nos permitem passar do mundo das percepções ao das ideias. Nesta exposição, tratou-se de celebrar relações com uma surrealidade entre obras de arte escolhidas propositadamente. Esse jogo leva a órgãos de sensação oferecidos pelos artistas aos visitantes.
Nesse exercício, os artistas assumem o lugar do curador que, após a seleção dos artistas participantes de “Afinidades”, entra nas sombras para se tornar apenas um conselheiro com quem dialogar sobre as possibilidades e a forma de apresentar os casamentos entre as obras.
Afinidades II – Elas!
Esta segunda versão do projeto “Afinidades” quer ser uma celebração da arte feita por mulheres. Em 2013, a exposição “Elas: Mulheres Artistas da Coleção do Centro Pompidou” – que Cécile Debray, Emma Lavigne e o curador Marc Pottier organizaram no CCBB do Rio de Janeiro e Belo Horizonte – foi uma estratégia para “des-alinhar o gênero”, desmontar o preconceito contra uma “arte feminina” e mostrar, através da multiplicação dos pontos de vista e das técnicas, que as mulheres artistas fizeram a história da arte do século XX tanto quanto os homens. Abstratas, funcionais, objetivas, realistas, conceituais, minimalistas, informais, políticas... as mulheres artistas brasileiras foram pioneiras e estiveram atuantes desde os primeiros tempos. Sempre contemporâneas, nenhuma revolução das artes lhes foi estranha: fotógrafas e videastas de primeira hora, fazendo performances e sendo pioneiras da era digital. Pensamos de imediato em Anita Malfatti, Maria Martins, Tarsila do Amaral, Mira Schendel, Tomie Ohtake, além dos ícones da arte contemporânea Lygia Clark e Lygia Pape. O Brasil sempre foi um país muito “avant-guarde”, com uma presença única de artistas mulheres celebradas no mundo.
Queremos dar a palavra para alguns dos talentos de artistas brasileiras nesta segunda edição de “Afinidades”, convidando artistas mulheres brasileiras de gerações diferentes, cinco do Paraná e seis de outros estados, para nos falarem das suas afinidades.
É interessante notar a grande diversidade das obras selecionadas pelas 10 mulheres artistas do “Afinidades II”. Muitas acharam difícil se restringir e selecionaram um grande número de trabalhos. Todas as épocas estão representadas, assim como todas as coleções do MON, com objetos africanos e asiáticos, revistas, até autores desconhecidos. A doação de Poty Lazzarotto aparece muito bem – Juliana Stein e Vilma Slomp o selecionaram e mostraram muitos desenhos dele. Às vezes, um artista participante também foi selecionado por outro. Assim, Vilma Slomp também aparece nas escolhas do jogo “Afinidades” de Laura Vinci. Vários artistas que participaram da primeira exposição “Afinidades” foram selecionados, como é o caso de Alfredo Volpi, Eliane Prolik, Hugo Mendes, Maria Bonomi, Miguel Bakun e Washington Silvera. As artistas do “Afinidades II” não optaram necessariamente por apresentar obras de artistas mulheres. Todas eram livres para escolher sem orientação. Duas obras da primeira exposição “Afinidades” voltam aos trilhos – é o caso de Masao Yamamoto e Martin Chambi, selecionados por Laura Vinci, dando assim um ângulo diferente de uma mesma afinidade de dois artistas convidados de duas versões do projeto “Afinidades”.
O feminismo parece ausente das composições imaginadas por essas 10 artistas. O corpo está presente, mas sem pretensão política. É o caso de Juliana Notari. Com uma relação direta e intensa entre arte e vida, ela cria um campo de observação do humano enquanto animal a partir da sua própria experiência capilar para dialogar com várias obras da série “Fauna e Flora”, da artista Violeta Franco (Curitiba, 1926-2006). Se, para Violeta, a pintura significa liberdade e a gravura, disciplina, é com a liberdade das transformações incontidas das suas pinturas que os desenhos de Juliana encontram as suas raízes.
Escolhendo imagens (quase todas, fotografias em preto e branco – Martín Chambi, Francisco Faria, Antanas Sutkus, Masao Yamamoto, Leonardo Régnier, Leopold Plentz, Valdir Cruz e Vilma Slomp), Laura Vinci se posiciona com as figuras postadas selecionadas por ela, numa atitude de observação, contemplação ou espera: homens e mulheres, em tempos históricos diferentes, alguns diante da natureza; outros, da paisagem da cidade. A partir delas e do olhar dos artistas que registraram esses outros olhares, Laura percebeu que estava criando uma rede de afinidades, uma visão de um mundo do futuro, perguntando para o público o que está invisível e em risco – o desaparecido? O que não se vê? Um estado de urgência? As obras da Laura aqui funcionam só como um sinal, como aquelas bandeiras vermelhas hasteadas na praia em dias de mar revolto, apontando o perigo diante da tempestade. Alvo misterioso dos mapas, sinal de que, se não atentarmos energicamente para o que está nos acontecendo, iremos sofrer como o navio do temporal do Guilherme Michaud, que ela incluiu também na sua seleção de “Afinidades”.
Algumas falam de memória, da criação artística em geral. Então, por exemplo, Leila Pugnaloni fala de pintura, da memória visual e afetiva composta de muitas camadas. As suas são do Rio de Janeiro, onde nasceu, da Brasília nascente em que passou parte da infância e da Curitiba para onde foi adolescente e criou raízes. Trabalhar com a geometria e extrair dela a possibilidade de uma pintura aquecida pela cor, pela luz, pelo acaso – e relacionada com o espaço onde está inserida – está a essência da sua pintura, como ela acredita que transparece das obras de Daniel Senise, Geraldo Leão e Arcângelo Ianelli, que escolheu para esse diálogo.
Debora Santiago quer falar de desenho, que tem sido uma prática frequente na sua produção artística. O seu longo desenho da série “Entre os Rios”, com cinco módulos, se casa com a sua escolha de muitas obras do acervo do MON, desenhos e estudos de Dulce Osinski, Heliane Grudzien, Ida Hannemann de Campos, Jefferson Cesar, Violeta Franco, Miguel Bakun e Didonet Thomaz, dando uma grande variedade sobre esse médium artístico. Apresentar esses desenhos, com temáticas diversas, tem como intuito nos aproximar e conhecer os diversos processos que envolvem a criação artística.
“Aparelho de Ginástica com Estruturas Invisíveis”, como o nome que Carina Weidle deu à sua instalação, propõe uma reflexão sobre a realidade visual, o invisível e não visível, a dúvida sobre o que vemos e percebemos. A ideia do trabalho pressente um conflito de estruturas, aqui entre o hexágono e o quadrado, a abstração e a figuração. A reflexão sobre a importância das artes visuais para a cultura de forma abrangente foi a tônica, para ela, para a seleção de trabalhos dentro do acervo do MON: Volpi traz a repartição do espaço, de uma forma singela e articulada, plana, colorida e quase sem corpo; Rodrigo Andrade confronta o público com o poder da cor e da massa, de maneira dual e direta, com um corpo realidade mais contemporânea que todos os outros. O autorretrato de Leonor Botteri, que foi a sua professora de pintura, exibe uma melancolia de cores frias que comunga com uma intenção deste com o trabalho da Carina; o trabalho de Stockinger não é cor, mas a matéria, a maleabilidade e dúvidas sobre a matéria que expressa e confunde o que nós vemos e o que é real.
Mariana Palma, como muitas outras artistas, tem lutado para se conter nas suas escolhas e oferece uma vasta gama de obras que podem ser encontradas em coleções de artes plásticas, africanas e asiáticas. Outra artista preocupada com pintura e materiais, ela vai bem, além de eleger obras bidimensionais, baseadas na pintura de natureza e paisagens e de uma simples similaridade estética: Ianelli, com obra que cria uma atmosfera de pouca visibilidade para uma paisagem de cores clássicas para brincar com essa questão e da veladura da imagem; Tomie Ohtake escolhida, com sua icônica obra amarela em formato de olho, remetendo ao formato arquitetônico do Museu, com camadas de tinta translúcidas cujo resultado é uma vibração na cor única, relacionando-se da mesma forma à construção da pintura do díptico e da pintura menor coberta com foto impressa em véu da própria Mariana; Maria Bonomi e sua expendida gravura realizada através da soma de impressões da mesma matriz.
“Obras duras, para dizer de tempos duros”, é o que Regina Silveira quer mostrar. Em primeiro lugar, as escolhas dela são artistas no terreno da linguagem: signos ou objetos, apropriados do mundo industrial na direção de transformar radicalmente o significado desses signos: “Cupim”, os parafusos agigantados de Washington Silvera e os “Tapumes” metálicos de Eliane Prolik. Mas Regina vai rapidamente no terreno de catástrofes: “Dormência”, de Hugo Mendes, e nas 16 placas de espelho do Sem Título de Carlos Fajardo em frente de “Duelo”, as pistolas fantasmáticas confrontadas de Regina e “Fábula”, o seu ovo negro com sombra de mosquito e sonoridade desses insetos misturada com a de helicópteros.
A questão da cultura afro-brasileira é presente com o trabalho de duas artistas. Maria Macêdo inicia o seu texto de apresentação com “Em nome da pele que sangra, olhai por nós!”, dando o espírito do seu projeto, no qual apresenta uma instalação intitulada “Rito de Corte e Cura”; nela, sua ideia é criar um ambiente de instalação de descanso e reverência a três mulheres pretas que hoje são consideradas santas, após sofrerem violências em vida. O seu intuito é conectar a santidade de Maria Bueno, do artista Emerson Persona, do acervo do MON, referenciada nessa mulher que, após ser assassinada, foi considerada santa popular. Ela chama também na sua instalação a beata Maria de Araújo e Maria Caboré, santas do Cariri Cearense. Esta última até é nomeada como santa marginal, por ser uma santa do povo pobre. “Rito de Corte e Cura” se propõe a ser um ambiente de culto à memória, um local de descanso contra os males que assombram a nossa existência racializada, construída pela história que é devedora ao povo negro e indígena deste país. Uma evocação da memória e do direito ao descanso devido a essas mulheres que em matéria não tiveram respiros, a quem foi negado o direito à humanidade. Nesta homenagem na presença da cultura afro-brasileira, Rosana Paulino confronta os seus autorretratos com máscaras com uma série de máscaras da doação Yunes.
A questão indígena, os guardiões da Floresta Amazônica, é abordada por Vilma Slomp com a sua obra “A Realidade em Função da Eternidade”, uma série de fotografias que captou recentemente durante a cerimônia do Kuarup na aldeia Yaipiuku, da etnia Mehinako. Elas refletem às avessas o Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, de 1928, à nossa dependência da arte em globalização como um abismo. Através de diferentes ritos, os indígenas, em sua ancestralidade de forte expressão cultural, registram a memória através das lutas e danças nas pinturas de seus corpos com desenhos geométricos, explorando a potência de sua identidade em paralelo à busca na conexão com o mundo exterior. Em diálogo com o acervo do Museu Oscar Niemeyer vêm à tona os questionamentos da importância atávica na série de desenhos das ocas no Xingu de Poty Lazzarotto e a escultura Guairacá, de João Turin.
A doação de Poty Lazzarotto ganhou muitos outros votos e está bem representada nesta exposição. “Poty desenhava letras, Poty escrevia desenhos”, escreve Juliana Stein, que se deparou com este trabalho de frente e mergulhou nele com temas desenvolvidos que fazem parte da história da cidade de Curitiba e fazendo essas obras parecerem autobiográficas para ela. Nasce um jogo entre palavras e imagens compartilhadas com Poty. O desenho dessas letras está presente nesta mostra ao lado de outra obra que a artista nomeou como “A Medida das Coisas”. Juliana completa as suas afinidades com máscaras africanas funcionando como lembretes da história, acontecimentos que nos dão um espectro de pertencimento e produção de sentido, ou da sua falta, lembrando que há sentidos que não estão onde os procuramos e sim onde os encontramos. Há também uma pintura do artista surrealista Eduardo Berliner.
“Afinidades” tornou-se um projeto anual do MON que, assim, dá vida, pelo olhar das e dos artistas, à variedade das suas coleções. Melhor do que ninguém, elas e eles sabem fazer a ligação entre o público e as obras através de uma narrativa nutritiva que também lhes permite compreender melhor o que é a criatividade artística.
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