Afeganistão
Tapetes de Paz e Guerra
“Afeganistão – tapetes de paz e guerra” é a nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), que está em exposição na Torre do Olho (térreo e primeiro andar). A curadoria é do colecionador Victor Nosek, com a colaboração do professor e diplomata Fausto Godoy.
A mostra reúne 37 tapetes do Afeganistão que retratam cenas de paz e guerra e refletem momentos diferentes do panorama sociopolítico e cultural daquele país. A exposição também conta com 32 joias afegãs que fazem parte do cotidiano dos povos de regiões nas quais os tapetes foram confeccionados.
Artista
Curadoria
Victor Nosek
Período em cartaz
De 24 de outubro de 2024
Até 20 de abril de 2025
Local
Torre
Planeje sua visita
SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO
MON realiza exposição de tapetes afegãos
“Afeganistão – tapetes de paz e guerra” é a nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON). A exposição poderá ser vista a partir de 24/10, na Torre do Olho (térreo e primeiro andar). A curadoria é do colecionador Victor Nosek, com a colaboração do professor e diplomata Fausto Godoy.
A mostra reúne 37 tapetes do Afeganistão que retratam cenas de paz e guerra e refletem momentos diferentes do panorama sociopolítico e cultural daquele país. A exposição também contará com 32 joias afegãs que fazem parte do cotidiano dos povos de regiões nas quais os tapetes foram confeccionados.
“Hoje, um museu não é apenas um lugar de preservação, mas um espaço de diálogo e reflexão. O Museu Oscar Niemeyer exemplifica esse papel com um acervo que vai da arte aos itens históricos e antropológicos, expandindo as barreiras físicas do que é um espaço museal”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de Estado da Cultura do Paraná.
“Nosso objetivo também é ampliar as referências culturais. Assim, o MON destaca a riqueza das culturas asiática e africana, que compõem uma das maiores coleções especializadas das Américas, apresentadas tanto em exposições de longa duração quanto em itinerâncias pelo Paraná”, diz a secretária.
A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, comenta que a exposição é uma oportunidade para o visitante ver de perto a milenar tradição da tapeçaria afegã. “Vale lembrar que o MON possui o maior acervo de arte asiática da América Latina, após a doação de milhares de obras, anos atrás, pelo diplomata e professor Fausto Godoy, o que marcou uma nova vocação curatorial”, comenta.
Abriu-se, então, espaço no acervo, com ênfase também para as artes asiática, africana e latino-americana, em consonância com os grandes museus do mundo, tornando-o distinto da tendência eurocêntrica que domina a cultura ocidental. Tal iniciativa posicionou o Museu Oscar Niemeyer no patamar dos grandes museus internacionais.
“Nesta vertente, levamos agora até o nosso público a milenar tradição de tapeçaria afegã que, nas últimas décadas, incorporou temas bélicos aos seus tradicionais desenhos”, diz Juliana. Ambas as temáticas são apresentadas nesta inédita exposição, dividida em dois eixos: paz e guerra.
Fausto Godoy, que por aproximadamente dois anos atuou como embaixador do Brasil no Afeganistão, fala sobre a importância política da exposição, e o curador Victor Nosek explica que os tapetes que refletem o tema da paz são os mais antigos, e representam cenas pastoris, de natureza em geral ou formas geométricas.
Tribais e contemporâneos, os tapetes de guerra refletem o período entre 1970-1980 e estarão expostos, separadamente, no primeiro andar da Torre. “Precisamos olhar para eles, perceber aquela estética e refletir sobre como é possível criar beleza na guerra”, provoca Godoy.
Ele lembra que o Afeganistão é uma das regiões mais politicamente sensíveis do planeta. “Encravado entre gigantes tão diversos como Rússia, Índia, Paquistão, Irã e China, sua localização geográfica não somente o coloca na encruzilhada de grandes civilizações, como também de algumas das religiões mais importantes do planeta: o islã, o hinduísmo e o budismo, principalmente”, diz.
O colecionador e curador da mostra explica que os tapetes tribais de guerra afegãos fazem parte da tradição: arte como retrato da guerra. “Eles são uma dramática atualização dessa tradição”, informa Nosek.
Segundo ele, tais peças representam os primeiros anos da guerra russo-afegã e foram produzidos por distintas tribos seminômades pastoris, cujo modo de vida se manteve inalterado por séculos. “Que esta mostra contribua para reflexão e a humanidade alcance finalmente a paz e o progresso a que está destinada”, diz o curador.
Imagens
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Paula Morais
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Foto: Cadi Busatto
Materiais da Exposição
Versão em áudio - Institucional
Versão em áudio - Curatorial
Onde as estrelas encontram as flores
Os tapetes tribais de guerra afegãos fazem parte da tradição “arte como retrato da guerra”.
São uma dramática atualização dessa tradição. Representaram a guerra russo-afegã e foram produzidos por distintas tribos seminômades pastoris, cujo modo de vida se manteve inalterado por séculos.
Tramados nas terras altas quando a neve derreteu, para onde afegãos haviam se dirigido em busca de pastos para seus rebanhos, e em suas casas fixas durante o inverno.
Os tapetes, “vivos”, são frutos desse modo de vida.
A lã de alta qualidade foi tingida com corantes naturais coletados durante a migração anual. Tecelãs, no silêncio das tendas, livres de interferências, utilizaram simples teares horizontais fixados no chão. Os temas tradicionais, desenvolvidos de memória, sem desenho prévio, resultam característicos de cada artista. Criados preferencialmente para uso próprio, o excedente é vendido e a renda destinada à aquisição de joias com cornalinas, pedras usadas contra o mau olhado.
No início em tímidas aparições dentro dos temas tradicionais, tanques, helicópteros, jatos e granadas em pouco tempo ocuparam toda a composição. Tribais e contemporâneos, os tapetes de guerra desta mostra pertencem aos primeiros dez anos dessa guerra, entre 1970-1980, quando o nomadismo pastoril ainda era possível. O advento da fome endêmica e a aniquilação dos rebanhos inviabilizaram o nomadismo e a consequente produção de tapetes de qualidade, “vivos”!
Que esta mostra contribua para reflexão e a humanidade alcance finalmente a paz e o progresso a que está destinada!
Victor Nosek
Coleção e Curadoria
Arte e guerra parecem palavras antagônicas, mas aqui elas se apresentam juntas neste interessante conjunto de 37 tapetes afegãos, da coleção pessoal do curador Victor Nosek.
Realizada pelo Museu Oscar Niemeyer (MON), a exposição "Afeganistão – tapetes de paz e guerra" tem como base a coleção permanente de obras do MON. Diferente de outras instituições culturais, um museu tem como função, além de cuidar e de ampliar o seu acervo, criar diálogos entre suas obras e as exposições que realiza. Essa é uma das propostas do Museu.
Vale lembrar que o MON possui a maior coleção de arte asiática da América Latina, após a doação de milhares de obras, anos atrás, pelo diplomata e professor Fausto Godoy, o que marcou uma nova vocação curatorial.
Abriu-se, então, espaço no acervo, com ênfase também para as artes asiática, africana e latino-americana, em consonância com os grandes museus do mundo, tornando-o distinto da tendência eurocêntrica que domina a cultura ocidental. Tal iniciativa posicionou o MON no patamar dos grandes museus internacionais.
Nessa vertente, levamos agora até o nosso público a milenar tradição de tapeçaria afegã que, nas últimas décadas, incorporou temas bélicos aos seus tradicionais desenhos. Ambas as temáticas são apresentadas nesta inédita exposição, dividida em dois eixos: paz e guerra.
Mais do que apreciar a estética, a mostra nos sensibiliza pela proposta e nos leva a perceber o mundo pelo olhar provocativo da denúncia. Ela oferece ao visitante essa experiência singular, de buscar significados e de refletir sobre um tema tão complexo por meio da beleza da arte.
Juliana Vellozo Almeida Vosnika
Diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer
O Afeganistão é uma das regiões mais politicamente sensíveis do planeta. Encravado entre gigantes tão diversos como Rússia, Índia, Paquistão, Irã e China, sua localização geográfica não somente o coloca na encruzilhada de grandes civilizações como também de algumas das religiões mais importantes do planeta: o islã, o hinduísmo e o budismo, principalmente.
O Afeganistão abriga uma civilização muito antiga, que já existia como domínio persa quando Alexandre III da Macedônia, o Grande, andou pela região e fundou, em 334 AEC, Balhk, um dos seus postos mais avançados na Ásia. Parte da população guarda até hoje traços físicos dos gregos ancestrais. Essa mesma população, de hábitos igualmente ancestrais, é constituída por um grande elenco de etnias e tribos que resultaram da ocupação por invasores de várias origens – persas, gregos, mongóis, etc. – ao longo da sua história, os quais inseminaram, tanto na genética quanto em arraigadas tradições, valores e conceitos que cada uma delas defende com acirrado zelo.
Orgulhosas de suas raízes, essas etnias e tribos, que se repartem entre as correntes sunita e xiita do Islã – cerca de 90% são sunitas e 10% xiitas, grosso modo –, não aceitam a preponderância de qualquer outra sobre si, por maior que ela seja numericamente, ainda que atualmente os talibãs sunitas, da etnia pashtun, dominem o governo e a vida pública e oprimam as outras vertentes étnicas e religiosas. Os afegãos aceitam menos ainda a ingerência de outras culturas, e guardam na memória o período em que dois dos maiores impérios do século XIX, o russo e o britânico, disputaram na região a hegemonia sobre a Ásia Central, o que a história registrou como o “Grande Jogo” (the “Great Game”).
Foi esse mesmo espírito de resistência que se acendeu em dezembro de 1979 quando a União Soviética, atendendo ao apelo do governo comunista então no poder no Afeganistão, invadiu o país para apoiá-lo na luta contra os insurgentes mujahideens, compostos por grupos que se rebelaram contra a opressão do credo marxista, que entendiam ser um aviltamento aos valores do Islã. Isso porque os soviéticos buscaram impor seus conceitos laicos, trancaram as mesquitas e impediram o culto público.
A resistência tomou contornos dramáticos quando os soviéticos abandonaram o Afeganistão em 1991, na dissolução da União Soviética, deixando espaço para o acirramento dos confrontos entre as militâncias aguerridas que haviam se refugiado nas montanhas que conformam a geografia acidentada do país. Concomitantemente, tropas ocidentais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), lideradas pelos Estados Unidos, ocuparam o país após os ataques às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, que, sob a liderança de Osama bin Laden, foram levados a cabo pela Al Qaeda, uma das correntes mais aguerridas dos mujahideen.
Após vários episódios políticos que se sucederam desde então, com a partida das tropas ocidentais em agosto de 2021, os talibãs passaram a ocupar o poder em Cabul. Parte da população que resiste aos seus desígnios vem buscando abrigo em outras partes do planeta, inclusive no Brasil, que já registra cerca de cinco mil refugiados.
Fausto Godoy
Exposição virtual
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Características da exposição
Estímulo Físico
Restrição de movimento
Estímulo Visual
Luz oscilante
Estímulo Olfativo
Odores