O Jardim
Efrain Almeida
A mostra “O Jardim - Efrain Almeida” tem como temática central a natureza, explorando as dimensões do sagrado, do cotidiano e da vida. O território repleto de fauna e flora transporta memórias e afetividades oriundas da casa dos pais do artista, localizada no sertão do Ceará.
Com curadoria de Bitu Cassundé, a mostra apresenta esculturas, instalações, pinturas e bordados e convida o público a um diálogo com a essência e o contato com o jardim metafórico, lugar em que tudo se renova, reinventa e regenera.
Artista
Efrain Almeida
Curadoria
Bitu Cassundé
Período em cartaz
De 20 de junho de 2024
Até 20 de outubro de 2024
Local
Sala 2
Planeje sua visita
SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO
MON realiza exposição inédita do artista Efrain Almeida
A exposição “O Jardim – Efrain Almeida”, realizada pelo Museu Oscar Niemeyer (MON), será inaugurada no dia 20/6, na Sala 2. São cerca de 40 obras que incluem esculturas, instalações, pinturas e bordados, em um recorte de diferentes períodos da produção do artista. A curadoria é de Bitu Cassundé.
Desenvolvida especialmente para o MON, a exposição coloca a natureza como centro e evidencia núcleos que acionam as dimensões do sagrado, do cotidiano e da vida, recorrendo à metáfora do jardim – um território de memórias e afetividades oriundas da casa dos pais do artista, no sertão do Ceará.
"Pensar a natureza por meio da arte é um caminho magnífico para sensibilizar as pessoas sobre sua importância, e Efrain Almeida desenvolve um trabalho poético em torno deste tema como poucos”, afirma a secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira. “É uma honra para o Paraná receber, no MON, essa exposição individual que com certeza vai nos emocionar e nos conectar não apenas com a natureza, mas também com a cultura popular do sertão brasileiro", comenta.
A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, explica que ao realizar essa inédita exposição o Museu Oscar Niemeyer traz um jardim para o interior da sala expositiva. “Aqui certamente haverá uma troca silenciosa entre artista e visitante”, diz
Ela ressalta que, “numa feliz coincidência”, a exposição “O Jardim” acontece simultaneamente à instalação do projeto “MON sem Paredes”, em que o Museu rompe o seu limite físico. Com um parque de esculturas interativas na área externa, o MON abraça o público e o convida a entrar.
“Com seus pássaros, casas, ninhos, árvores e diversos outros animais, Efrain nos conecta a uma natureza íntima, o que pode servir como um antídoto ao esquecimento e às efemeridades contemporâneas. Esculturas, instalações, pinturas e bordados evocam cenas simples que nos fazem entrar em contato com a nossa essência”, afirma Juliana.
O curador Bitu Cassundé explica que a exposição, além de apresentar diferentes períodos da produção de Efrain, compreende também a transição que se estabelece nos projetos escultóricos do artista. “Vai da produção em madeira ao bronze, além de contemplar outras técnicas trabalhadas por ele, como pintura, bordado e desenho”, comenta.
A exposição dá prosseguimento à pesquisa que se inicia em 2020 e se desdobra no documentário “Ensaio para outros Instantes” (2021) e na exposição Encarnado (2023), apresentada no Centro Cultural do Cariri, em Crato (CE). “Ambos os trabalhos discutem o corpo, o sagrado e o território a partir de Canindé e Juazeiro do Norte, importantes centros religiosos daquele estado”, informa Cassundé.
O artista
Exposições individuais recentes de Efrain Almeida incluem “Encarnado”, Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo – Crato (2023); “O Sexto Dia”, Museu de Arte Sacra de São Paulo – São Paulo (2022); “A Memória da Mão”, MCO Arte Contemporânea – Porto, Portugal (2018) e “Trance”, James Harris Gallery – Seattle, Estados Unidos (2017). Participou também das exposições coletivas: “Nunca só essa mente, nunca só esse mundo”, Carpintaria – Rio de Janeiro (2023); “I Could Eat You”, Fortes d’Aloia & Gabriel + Madragoa + CLEARING, Casa da Cultura da Comporta – Comporta, Portugal (2022); “Crônicas cariocas”, Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro (2022) e “Engraved Into the Body”, Tanya Bonakdar Gallery – Nova Iorque, Estados Unidos (2021).
Efrain Almeida tem obras em importantes coleções públicas, incluindo Caixa Geral de Depósitos (Culturgest) – Lisboa, Portugal; Centro Galego de Arte Contemporânea (CGAC) – Santiago de Compostela, Espanha; Fundação ARCO – Madrid, Espanha; Instituto Inhotim – Brumadinho; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) – Niterói; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) – Recife; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) – Rio de Janeiro; Museum of Modern Art (MoMA) – Nova Iorque; Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo; Toyota Municipal Museum of Art – Toyota Aichi, Japão; e The Polyclinic – Seattle.
Imagens
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Crédito: Eduardo Ortega
Materiais da Exposição
Versão em áudio - Texto Institucional
Versão em áudio - Texto Curatorial
Versão em áudio - Entrevista 1
Versão em áudio - Entrevista 2
Versão em áudio - Entrevista 3
A exposição monográfica O Jardim apresenta um recorte de diferentes períodos da produção do artista cearense Efrain Almeida. Desenvolvida especialmente para o Museu Oscar Niemeyer (MON), a exposição traz a natureza como centro e evidencia núcleos que acionam as dimensões do sagrado, do cotidiano e da vida, recorrendo à metáfora do jardim — um território de memórias e afetividades oriundas da casa dos pais do artista, no Sítio Olho d'Água dos Facundos, na cidade de Boa Viagem, no sertão do Ceará. O conjunto apresentado compreende também a transição que se estabelece nos projetos escultóricos do artista, da produção em madeira ao bronze, além de contemplar outras técnicas trabalhadas por ele, como pintura, bordado e desenho.
A exposição dá prosseguimento à pesquisa que se inicia em 2020 e se desdobra no documentário “Ensaio para outros Instantes” (2021) e na exposição Encarnado (2023), apresentada no Centro Cultural do Cariri, no Crato (CE). Ambos os trabalhos discutem o corpo, o sagrado e o território a partir de Canindé e Juazeiro do Norte, importantes centros religiosos daquele estado.
Nesse novo momento, O Jardim se debruça sobre o gesto biográfico que se anuncia por meio de uma fauna e de uma flora íntimas de um corpo-natureza — em que diferentes ciclos compõem as relações que se estabelecem entre a sobrevivência e a existência, entre a vida e a morte, entre a camuflagem e o mimetismo. Cardeais, beija-flores, mariposas e corrupiões materializam deslocamentos, trânsitos, fluxos e o desejo de sobrevivência em outras paisagens, processos de um corpo-pássaro que se relacionam à vida de tantos corpos migratórios Brasil adentro. São ações e processos naturais que se organizam com o objetivo único de estabelecer um modo de existir e de coexistir.
Lugar de articulação de uma intrincada trama biológica — onde o sistema de hábitos e repetições coexistem num jogo de trocas, acordos e diálogos —, o jardim de Efrain Almeida alia a dimensão biográfica às relações entre vida e arte tão fecundas no território poético do artista. Aqui os lugares mais simples são potenciais espaços para as grandes transformações que o tempo inteiro vemos presentes na natureza, onde tudo se renova, reinventa, reproduz e regenera.
Bitu Cassundé
Curador
Ao realizar esta inédita exposição do brasileiro Efrain Almeida, o Museu Oscar Niemeyer traz um jardim para o interior da sala expositiva. Aqui certamente haverá uma troca silenciosa entre artista e visitante.
Com seus pássaros, casas, ninhos, árvores e diversos outros animais, Efrain nos conecta a uma natureza íntima, o que pode ser um antídoto ao esquecimento e às efemeridades contemporâneas. Esculturas, instalações, pinturas e bordados evocam cenas simples que nos fazem entrar em contato com a nossa essência.
Cada obra ganha significado próprio a partir do olhar singular do espectador, confirmando a vocação mais genuína do fazer artístico: a de provocar reflexão.
Seu trabalho intimista e simbólico é sempre sensível. Atento, transforma imagens banais em inquietante arte. De maneira inusitada, demonstra nas obras o que muitas vezes escapa aos nossos apressados olhares.
O MON tem o propósito de sensibilizar as pessoas pela arte. Ao oferecer experiências múltiplas, como a apresentação do interessante trabalho desse artista, propicia ao espectador uma leitura mais plural sobre si mesmo e sobre o mundo.
Numa feliz coincidência, a exposição “O Jardim” acontece simultaneamente à instalação do projeto “MON sem Paredes”, em que o Museu rompe o seu limite físico. Com um parque de esculturas interativas na área externa, o MON abraça o público e o convida a entrar.
Maior museu de arte da América Latina, com 35 mil metros quadrados de área construída, o prédio do MON é resultado de uma ousada proposta desenhada pelo mestre Niemeyer.
Transformado em museu, o que seria apenas um edifício, é um espaço vivo, habitado pela arte. E, para que seu conteúdo jamais esteja aquém da beleza do prédio, que é imensa, é preciso sempre encantar o público. Esse é o papel de exposições como esta.
Juliana Vellozo Almeida Vosnika
Diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer
Eu tive muitos conflitos com meu pai por questões de crenças. Não crenças religiosas, mas crenças nas coisas da vida. Fiquei muitos anos sem falar com ele, e o meu trabalho me reconectou ao meu pai. Na época em que ele voltou a morar no sertão (Sítio Olho d’Água, em Boa Viagem – CE), comecei a viajar frequentemente para lá e passei a trabalhar em projetos que eu tinha disposição e interesse. O convívio no ambiente da sua oficina foi determinante para o trabalho que eu desenvolvo, principalmente em escultura. Lembro-me muito do cheiro das madeiras, de reconhecer a madeira pelo cheiro, e as ferramentas específicas para cada tipo de trabalho.
Então, ele começou a me ajudar com as partes possíveis do trabalho. Eu desenhava e fazia a silhueta, ele cortava na serra de fita. Depois eu fazia a escultura propriamente dita. Essa manufatura traz o conhecimento da mão – até mesmo o modo de pegar na peça, o calor que a mão transfere para as matérias que você trabalha. Essa mão tem a capacidade de trazer uma espécie de memória ancestral. Tudo isso, para mim, tem uma relação de ancestralidade e de transmissão de conhecimento através dessa espécie de ritual lento e silencioso que é o trabalho manual. Muito da comunicação que eu começo a estabelecer com meu pai é um tipo de troca silenciosa.
Eu lembro também de um momento em que, por causa do meu trabalho, as pessoas começaram a encomendar ex-votos para o meu pai. E aí eu perguntei para ele: “E como é que você conseguiu fazer os ex-votos?” Ele respondeu: “Eu aprendi a fazer os ex-votos olhando você fazendo suas esculturas.” É muito interessante como essa história cria uma espécie de circularidade – o ex-voto que o meu pai faz depois de me ver trabalhando.
Efrain Almeida em entrevista para Bitu Cassundé, abril de 2023.
Eu trabalho numa escala pequena – as esculturas têm essa dimensão da mão. É como se esses trabalhos fossem confessionais, um sussurro. O trabalho seria muito mais sobre algo silencioso do que propriamente um grito, no sentido de ser espetacular. É um pequeno acontecimento que vai te revelar coisas grandiosas.
Existe uma ideia simplificada de falar que é um trabalho sobre o sertão. Não é um trabalho que fala do sertão: é um trabalho que fala da minha experiência no sertão, da minha experiência na infância, das minhas experiências como artista no mundo. Então, é muito mais sobre esse lugar que eu pertenço – e sobre as complexidades dele – do que propriamente no sentido de representação.
Por exemplo, a presença do beija-flor, pássaro que eu uso com muita recorrência, tem a ver com a experiência de estar no jardim da casa dos meus pais e de ter a presença desses pássaros. Tem a ver também com saber que os beija-flores têm uma relação espiritual com a representação do arco-íris, da água e do espírito da floresta. Não é sobre a imagem, o pássaro ou a natureza, mas sobre todos os sentidos que estão em torno disso.
Então, eu penso sempre nessas conexões possíveis com o lugar, com a natureza, com a ideia de pertencimento, o corpo como abrigo ou o lugar que recebe essas informações e que me colocam em contato com esses momentos, que, para mim, são muito caros e importantes, no sentido de perceber que é algo maior, que é uma vibração, que é uma conexão com a minha própria história.
Efrain Almeida em entrevista para Bitu Cassundé, abril de 2023.
Eu acredito, cada vez mais, nas ideias que alguns estudiosos defendem do conhecimento ancestral através do sonho, que é por meio do sonho que você se conecta com a ancestralidade. Acredito também que a ancestralidade e os conhecimentos se dão pelo trabalho, pelo ofício. O trabalho manual, artesanal, traz muito esse caráter da ancestralidade. Ele traz em si saberes que vão passando de mão em mão. E essa mão tem a capacidade de trazer uma espécie de memória ancestral, e ela vai passando de geração para geração. É isso que me reconecta com a minha história, com o meu lugar de pertencimento.
Eu só tomo conhecimento desse tipo de produção através das casas de milagres, nas festas religiosas, principalmente no Canindé, que era onde minha família ia na festa de São Francisco. Então eu entendo a sala de milagres como esse lugar de uma espécie de transe religioso, mas o transe também que o próprio trabalho de arte provoca. Quando você está diante de uma obra e nem sabe direito o que está acontecendo ali, mas existe algo nessa troca, na presença daquele objeto, que te transforma de algum modo.
É esse sentido de arte mais puro, de transformação, de te tirar de um lugar e te colocar no outro, de uma espécie de deslocamento. É chave que vai te tirar de um lugar e botar no outro; vai te colocar numa outra sintonia. Então, comigo aconteceu na sala de milagres, e eu acho bonito pensar nessas ideias porque é milagre, é religião, é transformação, mas me transformou como pessoa, talvez como artista.
Efrain Almeida em entrevista para Bitu Cassundé, abril de 2023.
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Características da exposição
Estímulo físico
Restrição de movimento
Estímulo Sonoro
Local com ruído