Mario Rubinski
O Espaço Imantado
Em cartaz na Sala 7, “Mario Rubinski – O Espaço Imantado” apresenta um conjunto de pinturas, desenhos e estudos deste importante artista paranaense, que traz os elementos da paisagem por meio da geometrização e abstração simbólica. A exposição reúne 150 obras finalizadas ao longo de seis décadas, do final de 1950 a 2021. A formação na Escola de Belas Artes do Paraná permitiu que o artista não só produzisse, como ensinasse o fazer artístico. Com curadoria de Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik, a mostra apresenta um espaço imantado, pela tríade cor, espaço e composição. São composições de formas ou figuras simplificadas que trazem ao público uma percepção diferente da natureza habitada pelo homem.
Artista
Mario Rubinski
Curadoria
Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik
Período em cartaz
De 27 de outubro de 2023
Até 31 de março de 2024
Local
Sala 7
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SAIBA MAIS SOBRE A EXPOSIÇÃO
O Museu Oscar Niemeyer (MON) realiza a exposição “Mario Rubinski – O Espaço Imantado”, a ser inaugurada no dia 26 de outubro, às 19h, na Sala 7. É uma mostra histórica que apresenta aproximadamente 150 pinturas, desenhos e estudos do artista curitibano Mario Rubinski (1933-2021). A curadoria é de Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik.
“A arte e os artistas paranaenses têm importante papel tanto no acervo quanto no calendário de exposições do Museu Oscar Niemeyer”, afirma a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “A realização desta grandiosa mostra individual de Mario Rubinski, um de nossos expoentes, confirma tal premissa.”
Sua inconfundível obra traz os elementos da paisagem por meio da geometrização e abstração simbólica. São composições de formas ou figuras simplificadas que nos falam da natureza habitada pelo homem, do nosso estar no mundo a evocar um certo silêncio e uma reflexão. “Em cenas retratadas nas telas, o espectador encontra espaço para buscar memórias ou projetar expectativas”, comenta Juliana.
A exposição reúne obras realizadas ao longo de seis décadas, entre final de 1950 e 2021. Rubinski teve formação na Escola de Belas Artes do Paraná e viveu a efervescência da Biblioteca Pública do Paraná como o principal centro cultural de Curitiba. Expôs e foi premiado em salões, conviveu com grandes artistas e, incansavelmente, ensinou arte por toda a vida.
A curadora Eliane Prolik explica que Rubinski tem sua história e produção ligada ao nosso contexto local. Destaca sua atuação como professor para educadores no Museu Casa Alfredo Andersen e em várias escolas públicas e particulares da cidade, além da profissão de bibliotecário como chefe do setor de Belas Artes da BPP.
“A obra de Mario Rubinski é de grande interesse por sua qualidade poética e visual”, diz. “O artista organiza geometricamente o quadro em planos de formas e cores através de um apurado raciocínio compositivo”, comenta a curadora. A composição cria tensões delicadas e equilíbrios primorosos e conduz os elementos da paisagem para uma geometrização e abstração simbólica. Enfatiza-se uma geometria de formas ou figuras de círculos, retângulos, quadrados, triângulos, pentágonos que traduzem os elementos da paisagem. Signos primordiais são usados e relacionados entre si como: casas-fachadas, vegetação e árvores, caminhos, rios, nuvens, entre outros.
Segundo o curador Adolfo Montejo Navas, Mario Rubinski, desde o começo, é mais um pintor de zona que de território, de um espaço imantado pela tríade cor/espaço/composição e no qual se potencializa toda a sua razão de ser, também seu religare (o sentido de suas conexões, tanto entre os seus elementos tangíveis, estéticos ou intangíveis, semânticos). “Um estatuto imagético perfilado assim em uma modernidade construtiva, de evidente geometria, mas cujo imaginário está além das aparências, já que, como diz o artista, ‘não faço casa com cara de casa’, atendendo a um motivo (símbolo) multiplicado em sua obra tão velada em sua transparência”, diz o curador.
Imagens
Materiais da exposição
Versão em áudio - Texto Institucional
Versão em áudio - Texto Curatorial
A arte e os artistas paranaenses têm importante papel tanto no acervo quanto no calendário de exposições do Museu Oscar Niemeyer. A realização desta grandiosa mostra individual de Mario Rubinski, um de nossos expoentes, confirma tal premissa.
Aqui são apresentados mais de uma centena de obras e estudos do artista. São pinturas e desenhos que abrangem seis décadas de produção, de finais de 1950 a 2021, numa mostra histórica.
Rubinski teve formação na Escola de Belas Artes do Paraná e viveu a efervescência da Biblioteca Pública do Paraná como o principal centro cultural de Curitiba. Expôs e foi premiado em salões, conviveu com grandes artistas e, incansavelmente, ensinou arte por toda a sua vida.
Sua inconfundível obra traz os elementos da paisagem por meio da geometrização e abstração simbólica. São composições de formas ou figuras simplificadas que nos falam da natureza habitada pelo homem, do nosso estar no mundo a evocar um certo silêncio e uma reflexão. Em cenas retratadas nas telas, o espectador encontra espaço para buscar memórias ou projetar expectativas.
Dessa forma, o expressivo conjunto da obra de Rubinski, reunida aqui, cumpre a função mais nobre da arte, a de sensibilizar. Ao mesmo tempo, o Museu que a abriga entrega ao público uma experiência capaz de alongar e transformar o olhar.
Juliana Vellozo Almeida Vosnika
Diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer
O espaço imantado (fragmentos sobre Rubinski)
“Para mim, a pintura não conta história.”
Mario Rubinski
Não é precisamente aquele contexto em que a pintura se apoia em uma narrativa, quando a palavra está mais viciada e viralizada, ou em um suposto relato/correlato, o mundo divisado pela obra essencialista e espiritual de Mario Rubinski. Seu universo, praticamente monocórdio, regrado pelo rigor de uma pesquisa visual austera e genuína durante décadas sobre os mesmos temas, formas, cores e preocupações – como acontece com poéticas referenciadas, como Morandi ou Volpi, ambas autocentradas e também centrípetas –, centra-se radialmente e se bifurca em sendeiros visuais sempre próximos, contíguos, irmãos. Como se girasse sobre si mesma, sobre os mesmos passos. E, portanto, sem nada de informações, notícias, dados subalternos que possam distrair. Rubinski, desde o começo, é mais um pintor de zona que de território, de um espaço imantado pela tríade cor/espaço/composição no qual se potencializa toda a sua razão de ser, também seu religare (o sentido de suas conexões, tanto entre os seus elementos tangíveis, estéticos, quanto intangíveis, semânticos). Um estatuto imagético perfilado assim em uma modernidade construtiva, de evidente geometria, mas cujo imaginário está além das aparências, já que, como diz o artista, “não faço casa com cara de casa”, atendendo a um motivo (símbolo) multiplicado em sua obra tão velada em sua transparência.
De fato, a realidade contemplada – e há uma impronta de contemplação exigida nessa pintura, de presente estático, que vibra intemporalmente, paralela à sua fruição ensimesmada –, a sua fisionomia disposta tão economicamente, passa por jogar com os evidentes símbolos utilizados como presenças que se repetem: além da casa, o muro – com suas afinidades longínquas com as fachadas volpianas –, as árvores, as ruas, os riachos, as praças, os céus, os caminhos que mostram uma definição estética planar e vertical, uma lírica pictórica, na disposição dos elementos escolhidos como signos, partes em construção metamórfica, quais pictogramas inseridos em uma força gravitacional. Uma atmosfera transparente parece flutuar diante de nossos olhos. Esconder sua luz quase submersa, cambiante, conforme olhamos. E, em uma densa condição planar, de riqueza de planos e linhas, em uma estrutura sintética em que se elaboram composições cuja aura remete a um tempo indefinido, abstrato, de certa irrealidade, apesar do reconhecimento figurativo – talvez porque tudo está iluminado nos limites da abstração –, em uma fronteira que reduz o reconhecível a extremos mínimos, sintetizados: fruto de um real abreviado, despojado até atingir seu ponto exato de ficção. Quem duvida do desejo de apropriação desse olhar como parte de uma magia primitiva ou iluminada?
Sua obra estará feita na margem de correntes, grupos, estéticas por compartilhar. Até agora, os enunciados de sua pintura procuram uma cosmologia mais ampla, que a circunscrita a sua origem e ponto de partida. Aliás, a imagineria (o imaginário) aflui e flui, estruturando um enquadro, uma composição, uma cena, que parece sempre pertencer mais a uma topologia do que a uma cronologia. Em suma, a uma aldeia local que quer ser universal, pois, faltando a dimensão temporal, o peso do tempo fica alado, ausente (sem data). As coordenadas das telas estão enrarecidas nesta poética: “Tudo está entre a liquefação (magma) e a volatilidade (nebulosa). (3) Entre uma arquitetura ou paisagem que se apresenta para quase desaparecer ou flutuar – um alto paradoxo, aparentemente apaziguado.
Pareceria então que o artista ascendesse uma luz dentro do quadro para velar a realidade pintada – como um gesto religioso de Rubinski. Uma oferenda. Uma declaração ao mesmo tempo que uma confissão, pois se faz importante falar sobre a iluminação de sua pintura, sobre a importância da luz, como ela muda com a posição, sempre no lado da sombra – sombra às avessas –, nunca uma luz frontal.
No efeito vibrátil dessa pintura, os elementos (os emblemáticos: a casa, o muro, a árvore, toda uma trindade) são objetos, como também o céu, o caminho, a rua, dada a função compositiva, e atingem de forma elevada a condição de arquétipos. De fato, a atmosfera evocada – essa condição aérea tão onipresente e visível que permeia os motivos representados – se pauta por meio do rigor de planos, contornos, de um desenho arquitetural. Nesse ponto, a ilusão tridimensional no plano não existe (5), a formulação visual de seus elementos, dispostos com cores atenuadas, só aumenta a planimetria, a ausência de profundidade, o valor imbricado das cores e suas relações. Como o modernismo e as vanguardas posteriores autonomizaram a pintura e seu devir.
E essa é a outra razão (cultural), junto à estética (um pós-construtivismo sui generis), pela qual a obra de Rubinski interessa hoje. Porque não dá para ver ela fora do mundo em crise em que vivemos, apesar dos negacionismos obtusos e patéticos na roda das interpretações arcaicas. Há uma voz falando nessa pintura que não é meramente ecológica, mas de outra consciência maior - daí também o espaço imantado, que quer dizer, em vinculação, em religatio, ou seja, mais próxima e, paradoxalmente, maior, baseada na consciência de um destino comum. O resultado não é idílico (ou bucólico, como acontece com a penca do naïf) – e aí estaria a grande diferença entre a ingenuidade e a pureza de visão – nem tão pouco positivista (pois não há regra historicista nem meramente física, determinada por esses valores; há uma instigante desconstrução em todo, pinturas, desenhos, guaches: olhar, poética).
Adolfo Montejo Navas
Curador
Mario Beckmann Rubinski nasceu em 1933, em Curitiba, onde viveu e trabalhou até falecer, em 2021.
Graduou-se em Biblioteconomia (UFPR, 1955) e Pintura (1958, EMBAP), com curso de especialização em Didática do Desenho (1959, PUC).
Artista plástico, pintor, desenhista, ilustrador. Com importante atuação no magistério, Rubinski foi professor de desenho para educadores no Museu Casa Alfredo Andersen, na década de 1970. Deu aula de arte e desenho geométrico em diversos colégios particulares e públicos e trabalhou de 1956 a 1985 na Biblioteca Pública do Paraná, na qual foi chefe da seção de Belas Artes.
Seu currículo extenso abrange seis décadas de produção. Destacam-se diversas exposições individuais, entre elas: Galeria Cocaco (1963); Círculo das Artes Plásticas do Paraná (1964); Senior Clube (1967); Museu de Arte Contemporânea do Paraná (1982); Sala Especial - 43° Salão Paranaense (1986); Pintura de Mario Rubinski, Galeria Banestado (1991); Museu Alfredo Andersen (1993); Rubinski - Do Silêncio, Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná (2006); Galeria Solar do Rosário com a publicação de livro Mario Rubinski (2007); A Razão da Paisagem II, 14ª Bienal Internacional de Curitiba, Museu Casa Alfredo Andersen (2019), em Curitiba.
Entre inúmeras exposições coletivas, constam: “Brasil Plástica 72”, Fundação Bienal de São Paulo (1972); “Panorama da Arte no Paraná”, BADEP (1976), “Artistas Paranaenses”, Fundação Álvares Penteado (1984); “Tradição/Contradição”, Museu de Arte Contemporânea do Paraná (1986); “Arte Paranaense - Movimento de Renovação”, Caixa Cultural de Curitiba (1999), “Lugar”, Museu de Arte da UFPR (2005); e “PR BR - Produção da Imagem Simbólica do Paraná na Cultura Visual Brasileira”, Museu Oscar Niemeyer (2012). Recebeu uma homenagem na mostra “Luz e Matéria”, no Museu Oscar Niemeyer (2018).
No contexto de eventos e salões, foi o artista com maior participação, tendo grande destaque com uma sala especial e vinte premiações no Salão de Arte Paranaense, Salão de Belas Artes da Primavera e Mostra do Desenho Brasileiro, entre outros.
Suas obras integram importantes coleções públicas e particulares.
Mario Rubinski considerava a arte um ofício pessoal e o fazer artesanal um meio para a expressão honesta, liberada de compromissos utilitários, imediatistas. Como muitos artistas modernos, Rubinski reiterava os gestos pincelados, deixando visíveis as suas decisões como poética. Essa presença do fazer assegura o aspecto dedicado da sua produção. No entanto, os seus gestos na pintura não geram só o traçado de uma subjetividade espontânea. Em vez disso, para Rubinski, a arte era coisa complexa: um fazer cerebral, mas problemático, por ser tanto sentir quanto entender. Assim, a criação na pintura se convertia no voluntário e incessante retrabalhar de composições ordenadas pelo desenho espontâneo, substância maior do seu imaginário.
Experimentador metódico, o artista entrava na pintura com uma ideia riscada em giz e encontrava nos materiais, a tinta e o suporte, tanto limitação quanto possibilidades. O seu processo envolvia idas e vindas conscientes, pois pintava e raspava a superfície do plano repetidas vezes. Esse proceder de Rubinski reflete algo dos limites da ideação, mas os seus trabalhos não se detêm nesse impasse, pois parecem retratar a procura de uma unidade distinta.
O artista buscava a saída da pintura por meio de uma poética do sensível: podemos sentir nas suas composições uma atmosfera de mundo em que as coisas da cultura e da natureza estão em harmonia. Essa sensibilidade, esse caminho pensado para fora dos seus quadros, não deixa de ressoar os desafios do nosso presente.
Bruno Marcelino
Agosto 2023
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